Queimadas e seca histórica afetam drasticamente economia, saúde e mercado no Brasil
- lucianommossmann
- 18 de set. de 2024
- 3 min de leitura
As condições extremas enfrentadas pelo Brasil, marcadas pela pior seca em 70 anos e intensificadas pelas recentes ondas de calor e queimadas, estão causando grandes prejuízos à população e à economia do país. Além dos impactos diretos na saúde e na qualidade do ar, os efeitos se estendem aos preços de alimentos, energia e ao mercado financeiro, gerando perdas bilionárias.
Em agosto de 2024, as queimadas devastaram mais de 5,65 milhões de hectares, área semelhante ao estado da Paraíba. O Brasil agora representa 50% dos incêndios registrados em toda a América do Sul, com os estados de São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul entre os mais atingidos.
Prejuízos econômicos alarmantes
Os prejuízos financeiros resultantes dos incêndios florestais entre janeiro e setembro de 2024 chegaram a R$ 1,1 bilhão, um aumento expressivo em comparação ao mesmo período do ano anterior, quando o valor das perdas foi de R$ 32,7 milhões, segundo dados da Confederação Nacional dos Municípios.
As queimadas impactam diretamente o setor agrícola, responsável por 25% do PIB brasileiro. A destruição de áreas de cultivo e pastagens tem efeitos imediatos e de longo prazo, prejudicando a produtividade e elevando os custos. Os preços de alimentos como carne, grãos e açúcar aumentaram significativamente, resultado da deterioração das condições do solo e da escassez de água.
O preço da saca de açúcar cristal, por exemplo, subiu de R$ 132,48 para R$ 142,48 em apenas dois meses. A produção de café arábica também sofreu um grande impacto, com o valor da saca passando de R$ 1.407,69 para R$ 1.492. Esses aumentos nos custos de produção resultam em preços mais altos para os consumidores nos supermercados.
Aumento nas contas de energia
As temperaturas recordes registradas em várias partes do país fizeram o consumo de energia disparar, impulsionado pelo uso constante de ar-condicionado e ventiladores. A falta de chuvas afeta diretamente a geração de energia hidrelétrica, o que, combinado com o aumento da demanda, resulta em um aumento considerável nas contas de luz.
A retomada da bandeira vermelha nas tarifas de energia a partir de setembro trouxe um acréscimo de R$ 7,877 a cada 100 kWh consumidos, e as previsões apontam para preços que podem ultrapassar R$ 200/MWh até o final de 2024, com potencial de continuar subindo em 2025, caso as condições climáticas não melhorem.
Impactos severos na saúde pública
Além dos impactos econômicos, a crise climática também representa uma grave ameaça à saúde. A fumaça das queimadas, que encobre várias regiões do Brasil, compromete a qualidade do ar e aumenta os casos de doenças respiratórias. O sistema de saúde público já enfrenta uma pressão crescente, com um aumento na procura por atendimento médico relacionado a problemas respiratórios.
A falta de água em algumas regiões agrava o risco de desidratação e doenças relacionadas ao calor. Especialistas em saúde pública têm emitido alertas para a população, recomendando medidas como a ingestão de mais líquidos, evitar atividades físicas em áreas expostas e procurar locais frescos para se abrigar.
Reflexos no mercado financeiro
O cenário ambiental brasileiro também afeta diretamente o mercado financeiro, especialmente nos setores de agronegócio e energia. Investidores estrangeiros, guiados por princípios de ESG (ambiental, social e governança), estão cautelosos em relação ao Brasil devido à degradação ambiental causada pelas queimadas e seca.
A redução da produtividade e o aumento dos custos de produção tornam o país menos atraente para investimentos de longo prazo, principalmente em áreas-chave como exportação de commodities. Isso gera incertezas sobre o futuro econômico do Brasil e pode desincentivar o fluxo de capital externo.
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