Explosões de 'walkie-talkies' do Hezbollah deixam 9 mortos em Beirute e no sul do Líbano
- lucianommossmann
- 18 de set. de 2024
- 3 min de leitura
Um dia após o ataque que envolveu a explosão de pagers do Hezbollah, novos dispositivos pertencentes ao grupo extremista detonaram nesta quarta-feira (18) em Beirute e no sul do Líbano, causando a morte de nove pessoas e ferindo outras 300, de acordo com o Ministério da Saúde libanês. Dessa vez, foram os "walkie-talkies" que explodiram em diversas localidades, incluindo durante funerais das vítimas dos ataques anteriores.
Homem exibe o estado do pager após a explosão — Foto: Telegram/Reprodução
Criados inicialmente para uso militar durante a Segunda Guerra Mundial, os walkie-talkies são dispositivos de comunicação por voz que operam via ondas de rádio. As explosões desses equipamentos atingiram várias áreas da capital libanesa e de outras regiões, com relatos de múltiplos incêndios e destruição em residências.
Imagens feitas nesta manhã mostram os estragos deixados pelas explosões, incluindo sistemas de energia solar que também teriam sido afetados, conforme relatado pela Associated Press.
Dispositivos recentes foram alvos de explosões
Fontes do governo libanês informaram que os walkie-talkies explodidos haviam sido adquiridos recentemente, assim como os pagers que detonaram na última terça-feira, em um ataque coordenado que causou a morte de 12 pessoas e deixou quase 3.000 feridos. Esses pagers, que se popularizaram nas décadas de 1980 e 1990 antes do surgimento dos celulares modernos, eram usados pelo Hezbollah para evitar rastreamento por Israel, uma vez que, ao contrário dos celulares, eles não possuem sistema GPS.
Acredita-se que Israel esteja por trás das explosões, embora não tenha emitido uma declaração oficial sobre o incidente. O serviço de inteligência israelense, Mossad, é apontado como o responsável por planejar o ataque, segundo informações divulgadas pela imprensa internacional.
Impactos na capital e no sul do Líbano
As explosões também foram registradas em sistemas de energia solar de algumas residências em Beirute, de acordo com relatos da Associated Press. Os funerais das vítimas das explosões dos pagers também foram cenário para as novas detonações de walkie-talkies, aumentando ainda mais o clima de tensão na região.
As autoridades libanesas e o Hezbollah culpam Israel pelas explosões, alegando que explosivos foram implantados nos equipamentos antes de serem comprados pelo grupo. No entanto, Israel não fez declarações sobre o ocorrido, enquanto o governo dos Estados Unidos negou qualquer envolvimento no ataque.
Explosivos sofisticados e indetectáveis
Segundo uma reportagem do jornal "The New York Times", os explosivos foram implantados de forma sofisticada dentro dos dispositivos, próximos às baterias, tornando-os indetectáveis pelos meios convencionais de segurança. Ao receber um sinal específico, os dispositivos explodiram automaticamente em questão de segundos, tanto os que estavam ativos quanto aqueles que estavam apenas armazenados, exceto os modelos mais antigos ou que estavam em áreas sem sinal.
A tecnologia utilizada nas explosões é descrita como extremamente avançada, com algoritmos específicos que ativavam os explosivos sem que pudessem ser detectados por verificações de segurança tradicionais, inclusive em aeroportos.
Dispositivos pager utilizados pelo Hezbollah detonaram em 17 de setembro de 2024 — Foto: Reuters
Repercussão internacional
As tensões entre Hezbollah e Israel vêm aumentando nas últimas semanas, especialmente após o início do conflito na Faixa de Gaza. O Hezbollah, financiado pelo Irã, intensificou seus ataques ao norte de Israel, agravando ainda mais a situação geopolítica na região. O governo iraniano condenou fortemente as explosões, tanto as de terça quanto as de quarta-feira.
As investigações sobre o incidente seguem em curso, enquanto a população libanesa lida com as consequências das explosões que têm deixado um rastro de destruição e medo.
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